De acordo com Tia Eron, essas comemorações devem ser revertidas em ações concretas de empoderamento da população negra. “Quando nós retomamos essa discussão, estamos dizendo à sociedade que continuamos alertas na defesa dos nossos direitos e conquistas. Somos o último país a abolir a escravidão. Quando estudamos a pirâmide social e econômica do Brasil percebemos a ausência de negros nas esferas de poder. Infelizmente, quanto maior a hierarquia menor a representação. Precisamos mudar essa realidade”, criticou.
A consulesa Loras reforçou a importância das comemorações para que os brasileiros desenvolvam uma autoanálise e possam enfrentar o racismo. “Vejo um Brasil que ainda não quis se olhar no espelho. Um dos países mais racistas do mundo, que é justamente a maior concentração de negros do planeta depois da Nigéria”. Afirmou ao destacar a necessidade de avançar no diálogo para concretizar novas políticas de combate ao racismo.
A ministra das Mulheres, Igualdade Social e Direitos Humanos, Nilma Lino, ressaltou a importância das datas históricas. “Pode parecer, para quem não acompanhou a nossa trajetória, que esses são apenas momentos comemorativos. Mas, nós, sabemos o que significa chegar ao ano de 2015, no Brasil, celebrando dias e datas em torno desse tema. Sabemos o que isto significa para o movimento negro. É hora de avaliar o tanto que já avançamos e o quanto ainda precisamos caminhar, de forma articulada, pela superação do racismo”, complementou a ministra.
Representando o Mecanismo Nacional de Combate à Tortura, a Dra. Deise Benedito abordou o tema sob o ponto de vista da tortura em tempos modernos. “Não falo em tortura de 300 anos atrás que usava ferro em brasa, mas de uma tortura sofisticada, que se dá pela prática do racismo e do preconceito quando a cor da pele define quem anda ou quem não pode andar nesse país”. Ao citar os jovens negros que são mortos em virtude do tráfico ou pelo o braço armado do Estado, Deise chamou os presidiários de “verdadeiros esgotos sociais entupidos”. Segundo ela, a tortura passou por uma sofisticação que ainda perpetua no Brasil em forma de racismo, machismo e preceito.
Também participaram da solenidade a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), o deputado Luiz Alberto (PT-BA), a senadora Regina Sousa (PT-PI), o embaixador do Mali, Mamadou Troier, e o procurador do Ministério Público do Trabalho, Wilson Prudente.
Fotos: Douglas Gomes
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