“Individualmente, os integrantes de nossa nova classe média são muito mais pobres do que os suíços ou holandeses. No entanto, a periferia brasileira é mais forte, economicamente, do que a Holanda ou a Suíça”, aponta Bulhões
Na avaliação do deputado, a sociedade brasileira passa por momentos de transformações e deve estar atenta às discrepâncias entre a ascensão social e o consumismo. “Para essas pessoas, o poder de consumir chegou antes de terem acesso à plena cidadania, ou seja, aos direitos de serviços públicos eficientes. A geração que faz ‘rolezinhos’, ou que formava a maioria nos protestos de junho passado, é filha da geração que se inseriu na sociedade por meio do consumo, mesmo sem ver garantidos seus direitos constitucionais básicos”, argumentou.
Bulhões lembrou que entre 2002 e 2012, a renda familiar média dos 25% mais pobres cresceu 45% no Brasil. “Treze milhões desses brasileiros mais pobres não têm água encanada, 37 milhões não têm coleta de lixo, e 77 milhões não têm coleta de esgoto; mas foram esses brasileiros que compraram 58% dos smartphones vendidos em 2013, e 54% das passagens de avião”, explicou. Para ele, esse descompasso entre o acesso aos serviços privados e aos serviços públicos esteve por trás dos protestos ocorridos a partir de junho de 2013.
O parlamentar alertou que só os jovens da classe C consumiram, em 2013, algo em torno de 129 bilhões de reais, contra 80 bilhões gastos pelos jovens das classes A e B, e 19,9 bilhões da D. Ou seja: os jovens da classe C, integrantes da chamada “nova classe média”, consomem mais do que os jovens de todas as outras classes somadas. “Tudo isso é motivo para muita reflexão, e para ficarmos atentos às mudanças ocorridas no Brasil”, acrescentou.
Por Mônica Donato
Imagem: Douglas Gomes
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